Alexandre Pais

Sporting com a oportunidade de perder e continuar a trabalhar

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Três futebolistas que o Sporting não quis, armaram na antiga casa o lance que deu o golo do empate do Rio Ave, um resultado que impediu os leões de ver aumentar para seis pontos a sua vantagem no campeonato.

Ainda aturdidos pelo afastamento da Taça de Portugal, os adeptos sportinguistas começam agora a descer das nuvens e a enfrentar a crua realidade. E esta diz-lhes que no seu plantel haverá oito ou nove unidades de indiscutível qualidade, enquanto os rivais dispõem, pelo menos, de 15 ou 16. Ou seja, a carreira positiva da equipa tem sido muito fruto do trabalho metódico e pragmático de Rúben Amorim e adjuntos, e do entusiasmo, união e empenho dos jogadores. Exigir-lhes mais é pedir o impossível, e não aceitar exibições mais frouxas seria não só injusto como de uma irresponsabilidade que poderia destruir tudo o que de bom foi conseguido.

O facto de não haver público nos estádios “joga” a favor do Sporting, uma vez que o antivarandismo utilizaria todos os momentos negativos para um bota-abaixo que desestabilizaria a equipa. Porque é quando o insucesso bate à porta que se impõe cerrar fileiras, acreditar no que se faz e prosseguir no rumo escolhido. Com os meios de que dispõem, os leões terão de se habituar a não vencer sempre e de aproveitar a conjuntura maldita em que vivemos para ir construindo – peça a peça e com paciência, lucidez e coragem – um projeto que é, aos dias de hoje, um autêntico milagre.

Parabéns a Luís Godinho por mais uma péssima atuação no capítulo disciplinar. No clássico, desde Pizzi, que não devia ter terminado o jogo, a Sérgio Oliveira, que foi atingido com a bola no peito e se rebolou pelo chão, agarrado à cabeça, tentando enganar o árbitro, foi um festival. O futuro dirá se Godinho terá capacidade para corrigir o ‘gap’ ou se é um caso perdido.

E já que me referi ao desafio do Dragão, um desabafo simples: o golo do FC Porto é de Marega e não de Taremi. Minudências.

E por minudências: aquele Fábio Coentrão que atuou os 90 e tal minutos em Alvalade é o mesmo que integrou o onze ideal do “L’Équipe”, de 2010 – a memória é uma coisa tramada… – mas que há dois anos já mal podia com uma gata pelo rabo e apenas ocasionalmente cumpria um jogo completo? Perto de dizer 33, deve ter desistido de fumar, só pode.

Como se não lhe bastasse ter perdido Diogo Jota, o Wolves ficou também sem Raúl Jiménez e, pelo caminho que as coisas levam, não tarda perderá ainda Nuno Espírito Santo. Será o princípio do fim da “armada portuguesa” em Wolverhampton. E pode não ser bonito.

Não se acredita na manta de retalhos que é a Juventus – um futebol de repelões, uma falta de estratégia inacreditável, um barco à deriva. Se na quarta-feira não ganhar a Supertaça, alguém vai ter de mandar o Pirlo embora.

Palmas para o treinador da Académica, Rui Borges, que no final do jogo em que a Briosa venceu o Mafra, por 1-0, reconheceu que o triunfo foi obtido com um golo irregular – uma atitude nobre, raríssima. Eis alguém com autoridade moral para se queixar dos erros de arbitragem quando a sua equipa for prejudicada.

Último parágrafo para a FPF, que colocou as novas instalações de Caxias ao serviço da luta contra a covid. É uma bofetada de luva branca à parasitagem pseudo-intelectual que odeia o futebol. Chapeau!

Outra vez segunda-feira, Record, 18jan21 (versão integral)

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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