Alexandre Pais

Os três temas que são afinal quatro e hoje são cinco

O

Tudo aconteceu num ano e meio: no verão de 2016, Portugal sagrou-se pela primeira vez campeão europeu de futebol, a seguir António Guterres foi eleito secretário-geral da ONU. Em 2017, Salvador Sobral ganhou o Festival da Canção, igualmente um feito único, Cristiano Ronaldo conquistou o seu quinto Balão de Ouro e o ano terminou com a escolha de Mário Centeno para presidir ao Eurogrupo. E 2018 trouxe já um novo primeiro título europeu para Portugal, este alcançado pela Seleção Nacional de futsal – pouco depois, aliás, de Ricardinho ter sido considerado, pela quinta vez, o melhor futsalista do Mundo. Moral da história: acabou o fatalismo lusitano!
Apenas a três pontos da temida “linha de água”, ou mesmo a dois, caso o Estoril não perca hoje, o Belenenses é um dos sete clubes em luta pela permanência na liga principal. Chegou a andar pela primeira metade da tabela no melhor período de Domingos Paciência, mas paga a fatura da incompetência da SAD na gestão do plantel e na escolha de treinadores. Depois do excelente jogo contra o Benfica, no Restelo, os jogadores, envolvidos por um ambiente de “guerra civil”, parecem sentir ainda o golpe do golo do empate, no último minuto, e são agora uma sombra – mais uma das nuvens que escurecem o Restelo por motivos que os ultrapassam e que nos angustiam a nós, adeptos azuis. Estamos a pagar o erro de eleger direções ruinosas, como a que contratou quase 20 brasileiros de uma assentada, muitos deles autênticas anedotas.
Alguma instabilidade devem igualmente causar aos jogadores do Sporting as polémicas em que veem envolvido o clube, tão pouco estimulantes têm sido as derradeiras exibições. Ontem, enfim, dois golos – depois de zero ao FC Porto, em duas partidas, zero ao Estoril, um mais um ao V. Setúbal, igualmente em dois desafios, e um ao V. Guimarães – para uma vitória sofrida a que só a saída em falso do guarda-redes do Feirense, aos 78 minutos, abriu caminho. Com toda esta agitação, Bruno de Carvalho põe em risco a estabilidade da equipa, embora se deva acrescentar que tem agora razão nos protestos pelo golo invalidado ao Sporting. Então Bruno Fernandes faz falta, o Feirense recupera a bola e quando se analisa a validade da jogada, ela “regressa” ao lance do médio leonino? O VAR é um passo em frente no combate pela verdade desportiva, mas com a atual regulamentação, ou com a interpretação que dela se faz, não iremos longe.
Tive pena da saída de Miguel Layún do FC Porto. Pela qualidade do mexicano e por ser a exceção à regra de sucesso na recuperação de jogadores levada a cabo por Sérgio Conceição e que o credencia como líder. Vou-me repetir: Aboubakar, Brahimi, Marega, Corona, Herrera e Diego Reyes foram apenas alguns dos craques “queimados” por Nuno Espírito Santo e mandados para a prateleira ou para o exílio – uma desvalorização de ativos que o seu êxito no Wolves não fará esquecer. Espero que Layún se reabilite em Sevilha!
O parágrafo final vai para os Jogos Olímpicos de Inverno e para o drama norueguês. Após o falhanço na qualificação de três das suas lendas, o biatleta Ole-Einar Bjørndalen e os esquiadores de fundo Petter Northug e Therese Johaug (esta afastada por doping), a Noruega deposita agora muitas das suas esperanças noutra estrela do cross-country na neve, Marit Bjørgen, 10 medalhas até Pyongyang. Aos 37 anos, ela conquistou já mais uma de prata, podendo ainda ganhar mais três ou quatro e tornar-se no atleta mais laureado em Jogos de inverno, batendo as 13 medalhas de… Bjørndalen. Até dia 25, estou de novo refém da TV. Sorte minha.
Parcialmente publicado em Outra vez segunda-feira, Record, 12FEV18

Por Alexandre Pais
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