Por diversas vezes aqui tenho defendido que o final do percurso futebolístico de Cristiano Ronaldo se dará no Man United, apesar de saber que há quem o veja mais a atuar nos Estados Unidos, que Bruno de Carvalho sonha com um regresso do jogador ao Sporting e que ele reafirmou, há pouco, a vontade de terminar a carreira no Real Madrid – esta última a hipótese em que menos acredito.
Viu-se no sábado, com a sua irada reação à substituição em Las Palmas, que Cristiano encontrou a sua zona de conforto nos dias de glória mas não está minimamente preparado para enfrentar o “dia seguinte”, aquele que nascerá mal se encerre o período de maior fulgor. Depois de, numa década, ter conquistado tudo e ter sido o melhor futebolista do Planeta, CR não conseguirá – como ser humano algum conseguiria – manter o mesmo alto nível exibicional e marcar indefinidamente mais de 50 golos por época.
Zidane explicou que substituiu o nosso craque para o poupar, uma vez que o Real tem, amanhã, o difícil confronto com o Borussia de Raphael Guerreiro. Mas é evidente que Cristiano se encontra fora de forma, embora o seu grande futebol tanto possa estar de volta já na partida com os alemães, como tardar mais umas semanas ou aparecer até com novos contornos a que teremos de nos habituar – nós, os adeptos e o próprio jogador.
Mas se CR não está preparado para um rendimento diferente, preparados também não estão os madridistas e a comunicação social espanhola que, sem tolerância, continuarão a exigir-lhe o impossível. Cristiano ainda não percebeu que, como Raúl, deixará Madrid mais cedo do que merece.
Canto direto, Record, 26SET16
O que Cristiano Ronaldo ainda não percebeu
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