Alexandre Pais

O horrível Mundo Novo

O

Num aborrecido tempo de antena de final de ano, revejo pela enésima vez o filme de uma associação ambiental em que se veem aves que, dizem eles, “ocorrem” a determinado local. E logo a seguir acompanho a felicidade de um dos infelizes repórteres lançados nas ruas de Paris para debitarem qualquer coisa, por ter encontrado, num bar, um homem que falava “um pouco de espanhol”. O jornalismo chegou a este ponto, é aguentar que não há retorno.
Ainda por cima hoje, quando levamos com horas e horas de notícias sobre terrorismo – e mais umas patetices disfarçadas de informação, o que é inevitável – já quase nada nos incomodam os sinais de ignorância. Que fossem eles os males do Planeta!
A banalização da violência, há muito potenciada pelos telejornais, impõe-nos agora, como um colete de forças de que não conseguiremos sair, o mestrado do terror. Corpos despedaçados, sofrimento em direto, temor pelo amanhã: é o horrível Mundo Novo ao alcance de um botão que tantas vezes nos fez felizes.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 21NOV15

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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