Alexandre Pais

Miguel Macedo, o político que parecia acima de suspeita

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Na falta de maioria absoluta que ditou a derrota da coligação de direita, não se sabe o peso que coube à notícia de que o ex-ministro da Administração Interna do Governo PSD/CDS, Miguel Macedo, tinha sido constituído arguido – menos de um mês antes das eleições, pura coincidência. Esse facto diminuiu o foco que incidia sobre a detenção de Sócrates e reforçou a máxima popular de que “os políticos são todos iguais”, com consequências no elevado nível de abstenção nas legislativas – que também não terá beneficiado Passos Coelho.
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A mim, surpreende-me a eventualidade de Miguel Macedo ter cometido crimes de prevaricação e tráfico de influências, o que em nada corresponde à imagem de seriedade e discrição de um político de currículo invejável. Se houvesse pessoas acima de qualquer suspeita, e não há, Macedo estaria bem para cima na lista.
Releio a entrevista do então secretário de Estado da Juventude – do segundo Executivo de Cavaco Silva – a Nuno Rogeiro, para a Tomorrow, no início de 1991. Aos 31 anos, o seu discurso estava carregado de sonhos e apontava uma prioridade: “A minha primeira preocupação vai para o combate à verdadeira vergonha social e cultural que é o fenómeno do trabalho infantil”.
Um quarto de século decorrido, a vida mudou – e Miguel Macedo terá de encontrar, na solidão a que a nuvem da dúvida o condena, a força que o possa ajudar a ultrapassar este difícil momento.
Parece que foi ontem, Sábado, 12NOV15
Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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