Alexandre Pais

Antena paranóica: o "harakiri" de Manuel Maria Carrilho

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O congresso socialista, transmitido praticamente em direto no cabo, resultou numa acção de propaganda bem montada e, como tal, eficaz. Só António José Seguro criou alguma expectativa à chegada – pelo papel dissonante que pudesse interpretar – mas cedo se percebeu que ia para marcar território e não para criar problemas. Aliás, não tem feito outra coisa nas suas múltiplas intervenções, utilizando com inteligência as câmaras para que o início da inevitável era pós-Sócrates o encontre – seja lá quando for – na fila da frente.

Já Manuel Maria Carrilho, outro eventual candidato à sucessão rosa, parece recorrer aos bons ofícios da televisão sim, mas para mostrar que desistiu em definitivo de ser líder do PS. Ao contrário de Seguro – que se demarca de Sócrates mas mantém fortes laços no aparelho e repete tímidos votos de “unidade” – Carrilho, nos comentários que produz na TVI, não poupa praticamente nenhum correlegionário. Desse “harakiri” resultam dois efeitos imediatos: cresce a já avantajada corte de inimigos que o cerca, tornando impossível uma vitória em futura eleição, e aumenta o interesse do telespectador pelo acompanhamento do seu raciocínio. E é bem interessante ouvi-lo nestes tempos de cólera.

Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do CM de 16 abril 2011

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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