Alexandre Pais

Antena paranóica: a jurada mentirosa

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Uma publicação cor-de-rosa dava esta semana conta do desespero em que se encontram diversos vencedores de concursos de revelação de talentos e em cuja capacidade – real ou inventada pelos “júris” para agradar às claques e recolher pequenas fortunas em chamadas de valor acrescentado – não há editora de música que aposte.

As televisões continuam a explorar o filão, com a complacência da legislação que permite a utilização de menores para produzir programas baratos e puxar a lágrima que traz audiências. E recrutam “jurados” de capa de revista que disfarçam a falta de cultura, e mesmo de conhecimento na matéria, com tontos elogios aos ingénuos que se julgam às portas da fama.

Há dias, uma jurada-estrela abusava do estatuto para dizer a um jovem algo como isto: “Tenho de confessar que tu és o maior talento que eu já vi na vida! Vais muito longe.” A plateia rejubilou, a família da novel “vedeta” chorou baba e ranho. Mas em breve o enganado – que deixará de estudar, enebriado pelo “sucesso” fácil – será abandonado. E até a mentirosa o esquecerá.

Amtena paranóica, crónica publicada na edição impressa de Record de 10 setembro 2011

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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