Quando Fernando Santos chegou à Seleção, os mesmos plumitivos que aplaudiram as saídas de Scolari e Paulo Bento, “autorizaram” a nomeação do selecionador nacional com a alegação de que ele iria ter de renovar uma equipa envelhecida.
O engenheiro cedo dissipou as dúvidas com uma convocatória inicial conservadora, na qual não faltou sequer um Bosingwa já com poucas condições para altas cavalarias. E a partir daí foi chamando, uma a uma, as muitas revelações em que felizmente é fértil o futebol português, procedendo à renovação com segurança e sem desaproveitar, como muitos vaticinavam e até “exigiam”, os veteranos sem os quais jamais teríamos alcançado o topo da Europa.
Lembrei-me disso ontem, primeiro ao ver, nas laterais da defesa, João Cancelo e Raphael Guerreiro, dois talentos puros, dois jovens que darão poucas hipóteses de voltarmos a ter no onze titular da Seleção três campeões europeus: Cédric, Vieirinha e Eliseu. E depois, já sobre o final do jogo com a Letónia, quando vi o golo de Bruno Alves, esse podre de velho sempre generoso, sempre concentrado e sempre útil, que tantos têm dado como acabado e que insiste, com modéstia e determinação, em fazer prova de uma vida futebolística que chegará, pelo menos, até ao Mundial.
E é apenas na zona de ação de Bruno, José Fonte e Pepe que está por fazer a tal renovação tranquila, um pouco por falta de opções imediatas, mas muito pela inegável qualidade dessa velharia que nos assegura o presente e o futuro próximo. Mais tarde, um dia, Santos fará então o trabalho.
Canto direto, Record, 14NOV16
A velharia de Fernando Santos
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