Alexandre Pais

A brincar às estradas

A
O aumento do caudal do rio Foja, que passa por debaixo da A14, inaugurada em 1994, causou um aluimento que só por sorte não provocou vítimas. E se o incidente foi inesperado, o que se seguiu não é motivo de menor surpresa.
Segundo um responsável da Brisa, a vulnerabilidade da autoestrada já teria sido detectada em Outubro, pelo que o início das obras estaria em preparação. Mas outro especialista apontou não só a existência, na mesma A14, de mais “três ou quatro” situações semelhantes – o que significa que com mais umas chuvas novos buracos se abrirão, talvez com consequências menos felizes. Isto porque não se tendo efectuado em tempo útil a tal reparação que se aguarda desde Outubro, melhor será não calcular quando chegará a vez das outras “três ou quatro” que são necessárias.
Até porque a mentira tem a perna curta, já que foram entretanto reveladas imagens de condutas fluviais semelhantes às que colapsaram, também na A14, deterioradas e escoradas não desde Outubro, mas há dois anos! E se tivermos ainda em conta que o alcatrão e a areia da autoestrada, mais as toneladas dos veículos que utilizam a via, assentam em tubagem metálica que enferruja com o tempo, sem suporte de betão armado, só podemos esperar ver repetidas, neste canto europeu, as derrocadas terceiromundistas que a TV nos mostra. Mas que raio de engenharia é esta?
Observador, Sábado, 14ABR16
Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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