Alexandre Pais

Passos Coelho a dormir na forma

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A entrevista que Clara de Sousa fez a Passos Coelho, na terça-feira, na SIC, trouxe uma novidade na estratégia, pois o líder da oposição exibiu a sua versão mais moderada, substituindo, por exemplo, o agastamento da semana anterior – quando afirmou que “o défice ficará confortavelmente acima” do que proclama António Costa – por um cândido “espero que o País atinja este ano as metas orçamentais”.
Passos teve o momento alto ao criticar a cativação de despesas por parte do Governo, dizendo à entrevistadora – que se “esqueceu” de lhe perguntar se tenciona cortar salários e pensões se voltar a governar – que ela pode “suster a respiração mas não pode parar de respirar”. A fase pior chegou ao reconhecer, ingenuamente, uma fraqueza: “Eu só sei o que é público…”
Mas se no conteúdo foi coerente com aquilo a que nos habituou, na forma esteve a dormir. Bem nos seus pontos fortes – postura corporal, gesticulação e tom de voz – falhou na imagem televisiva. Os óculos, para mais ligeiramente descaídos, tiraram-lhe o trunfo do olhar – com o qual poderia convencer-nos (ou não) da sinceridade do discurso – e o penteado, descuidado, acentuou-lhe a pose de derrotado de que ainda não logrou libertar-se. De 0 a 10: nota 7.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 8OUT16

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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