Alexandre Pais

Mais uns milhões na conta de Jorge Jesus? Isso é limpinho

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Com Bruno Lage em estado de graça, Sérgio Conceição a viver dos rendimentos, Marcel Keizer validado pelos resultados e Abel Ferreira confirmado por Salvador, restava a Jorge Jesus o estrangeiro. E decidiu-se pelo Flamengo. Terá feito bem? Fez. Bem e mal.
Fez mal porque vai treinar um clube cronicamente complicado, carregado de problemas e que é uma autêntica máquina de paixões: qualquer derrota é uma tragédia. Os adeptos cobram horrores ao responsável técnico e tudo indica que, numa dúzia de semanas, Jesus seja triturado e repatriado. Basta verificar o historial de insucessos de portugueses no futebol do Brasil para se perceber que só um milagre o salvará. Paulo Bento, o último caso comparável, quanto tempo se aguentou no Cruzeiro, em 2016? Dois meses e meio…
Mas também fez bem porque foi contratado por um dos grandes emblemas do Mundo e ainda antes de desembarcar já inquietou a chauvinista e impiedosa comunicação social brasileira que não lhe reconhece competência para dar lições aos seus – as conferências de imprensa vão ser um show! E isso é bom porque mal o caldo se entorne entrará em campo a calculadora e lá virá Jesus jantar a Lisboa com um novo cheque gordo, gordíssimo, na carteira. Com esse e com o que trouxe da Arábia, e mais qualquer coisinha recebida na Luz e em Alvalade, já poderá deixar de chorar os trocos que lhe voaram no vendaval do BPP.
Quase terminada a época, ou lhe correm bem os dois jogos da Seleção nos próximos dias ou Cristiano Ronaldo irá para férias sem alcançar os 30 golos – marcou 28 com a camisola da Juventus – o que não acontecia desde 2008-09, no seu último ano em Manchester. Mas tendo eu defendido aqui o erro que terá constituído o seu “divórcio” do Real Madrid, aproveito hoje para emendar um pouco a mão. Cristiano teria por certo apontado mais golos e o Real não faria tão má figura como fez, mas o jogador dificilmente escaparia, com a saída de Zidane e a chegada de Lopetegui, à crise merengue que se prolongou até à derradeira partida. E lá estaria Cristiano metido no saco de Marcelo, de Kroos, de Bale, de Varane, de Isco, de Casemiro e até de Modric, que de bestiais passaram a bestas e foram vaiados como se valessem zero. Sim, começo a acreditar que o capitão da Seleção andou bem ao escapar do manicómio de Florentino.
A fechar, aquilo que pode ser o fim da carreira da maior campeã de ténis de todos os tempos, a norte-americana Serena Williams, de 37 anos, que no sábado foi eliminada, em Roland Garros, por uma compatriota que podia ser sua filha: Sofia Kenin, de 20 anos, atual n.º 28 do ranking WTA. No verão de 1998, quando Serena ganhou em Wimbledon, na variante de pares-mistos, o primeiro dos seus 39 (!) torneios do Grand Slam, Kenin ainda não era nascida… Será a ex-número um mundial capaz de alcançar, antes do adeus, um 40.º grande título? E já que termino com ténis, destaco ainda o 26.º enfrentamento de dois suíços. Roger Federer, o de Basileia, e Stan Wawrinka, o de Lausana, discutirão amanhã, no pó de tijolo parisiense, a passagem às meias-finais. E aí mora igualmente a dúvida: repetirá o de novo n.º 2 do Mundo a vitória deste ano, em Indian Wells ou irá o triunfo cair, como em 2015, no mesmo palco, para o lado do atleta que regressou à vida para tentar refazer o “big four”? Roger parece bem aos 37 anos, mas Stan, de 34, derrotou ontem, num duelo para a história – de mais de cinco horas! – o grego Stefanos Tsitsipas, de 20 anos, talvez a maior promessa do ténis…
Outra vez segunda-feira, Record, 3jun19

Por Alexandre Pais
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