Alexandre Pais

Uma rua mais de espinhos do que de flores

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Não, só velho não chega. Talvez precise mesmo de ficar patarata para conseguir achar alguma graça às novelas produzidas para adoçar a senilidade e recolher as simpatias de quem já não está para mais chatices na vida.

A ‘moda’ terá começado em 2013, com ‘Bem-vindos a Beirais’, na RTP, cujo humor ‘naif’ nos tocava e fazia sorrir. Correu tão bem que vieram os sucedâneos, com menor frescura de escrita e situações forçadas, como é o caso do triunfante ‘Festa é Festa’, da TVI, que goza da vantagem do horário e das debilidades da concorrência: são más as opções portuguesas e o desinvestimento nas brasileiras não foi uma ideia brilhante.

Seja como for, isso incentivou Cristina Ferreira a lançar ‘Rua das Flores’, no ante ‘prime time’. A chamada da talentosa Ana Bola parecia uma luz a apontar o caminho, mas o projeto falhou. Por culpa do texto e da habitual grupeta de canastrões e lobistas do elenco? Sem dúvida. O maior problema, no entanto, é que muitos atores – formados na ‘escola’ menos exigente do drama e do choradinho – têm um baixo perfil para a comédia. Fazer rir é uma arte superior. E as cenas apatetadas e grotescas de ‘Rua das Flores’ só podiam sair duramente penalizadas pelas audiências.

Antena paranoica, Correio das Manhã, 4jun22

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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