Alexandre Pais

Um intruso chamado Benfica

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Não adianta procurar outros responsáveis pela excelente época do Benfica, campeão nacional e finalista da Liga Europa e das taças de Portugal e da Liga. Eles são os mesmos que, há precisamente um ano, falharam o título por causa de um golo fortuito e não conseguiram conquistar, mesmo sobre a meta, nenhuma daquelas três taças que é possível ganhar apenas num mês, o de maio – e recorde-se que os encarnados há uma década que não erguem o troféu no Jamor.
Hoje, hossanas ecoam de todos os cantos e até se poderia pensar que Jorge Jesus, o treinador, e Luís Filipe Vieira, o presidente que segurou o técnico quando tantos o repudiavam – e são esses, não diria os únicos porque o Benfica tem profissionais de qualidade e em especial jogadores, que são eles que correm, os grandes responsáveis pelo sucesso – foram sempre figuras consensuais, santinhos de altar que todos veneram independentemente das bolas que batem nos postes, do flagelo das lesões, das inevitáveis quebras de forma ou dos erros dos árbitros se daí resulta prejuízo para o Benfica.
Em duas temporadas consecutivas, e bastava uma, conseguir lutar pelas quatro competições até ao fim – mesmo o afastamento do embate decisivo da Taça da Liga, em 2013, se deu na sequência da lotaria dos penáltis, idêntica à que apurou agora as águias, sinal de como a sorte vai e vem – só pode ser prova de competência. E ainda que atribuindo o mérito ao coletivo, merece Jesus, pelo que viu, ouviu e leu, enfim, pelo que sofreu sabendo que tinha razão, um aceno especial.
Uma vez mais, o futebol adiantou-se ao país. Quatro jogadores portugueses – dois deles, não por acaso símbolos recentes do clube anfitrião – estarão a 24, na Luz, para discutir a Liga dos Campeões. Antes disso, o próprio Benfica defrontará o Sevilha, de que são titulares mais dois dos nossos internacionais, para disputar a Liga Europa. Em quatro finalistas, há três espanhóis e um intruso português, o Benfica, que tentará pela décima vez ganhar um título europeu. Os gigantes milionários de Inglaterra, da Alemanha, da Itália, da França ou da Rússia ficaram, todos, para trás. Tivesse o futebol português melhor organização, e dirigentes à altura dos treinadores e dos jogadores que o servem, e mais longe iria ainda. Contas de outro rosário? Sim, até um dia.
Canto direto, Record, 3MAI14

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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