Alexandre Pais

Se o ‘Ocidente’ não isolar totalmente a Rússia, Putin continuará a guerra

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A injusta, desproporcionada e criminosa guerra a que Putin sujeita a Ucrânia, está a suscitar repulsa em todos os países civilizados. Impedido de entrar no conflito para não o generalizar, o designado ‘Ocidente’ descarrega a sua condenação em ‘sanções’ que devem provocar ataques de riso à oligarquia do Kremlin.

Desgraçadamente, os responsáveis europeus e norte-americanos não optam pela única resposta que poderia fazer suspender os combates: o isolamento total da Rússia. Isso passa, obviamente, pelo encerramento de espaços aéreos, pelas restrições bancárias e de mobilidade, e por outras medidas restritivas já adotadas, mas não terá efeitos decisivos sem se banir os russos dos grandes eventos desportivos e culturais. O afastamento do Festival da Eurovisão, por exemplo, tem mais eco em Moscovo do que dez contas de Abramovich congeladas em Londres.

O futebol deu um sinal promissor, ao mudar a final da Champions de Leninegrado, perdão, de São Petersburgo para Paris, mas a seguir UEFA e FIFA enredaram-se em questões políticas e financeiras. A essa teia fugiu a Federação polaca – com figuras como Szczęsny e Lewandowski a marcarem posição – que decidiu não jogar, no próximo dia 24, o ‘playoff’’ de qualificação para o Mundial. E secundada por checos e suecos, também possíveis adversários dos russos, os polacos reagiram já negativamente à tentativa de branqueamento da FIFA, que manteve a partida de dia 24, pondo ‘condições’ – de denominação, hino e bandeira – que apenas branqueiam a questão de fundo.

No basquetebol, são os protagonistas a içarem a bandeira da contestação. O georgiano Shengelia, o lituano Grigonis, o alemão Voigtmann e o dinamarquês Lundberg desvincularam-se do CSKA, clube do exército de Putin, enquanto os responsáveis da Euroliga hesitam em suspender os próximos jogos em que participam, além do CSKA, o Zenit de São Petersburgo e o UNICS Kazan.

Ao contrário parece encontrar-se a situação no biatlo nórdico, com a Noruega a anunciar que russos e bielorussos não poderão participar, em Oslo, na derradeira etapa da Taça do Mundo, o que levou a federação internacional a contemporizar, defendendo a não penalização individual dos atletas. A verdade é que sem o isolamento social da Rússia, Putin prosseguirá a guerra. E o ‘Ocidente’ continuará a chorar lágrimas de crocodilo.

Bonito e tocante o momento de ontem, com Yaremchuk, no Estádio da Luz. Lá tenho de ‘devolver’ ao Benfica, com apreço, o meu aplauso anterior a Alvalade: extraordinário clube, extraordinários adeptos.

Uma vénia para Rafael Nadal, que venceu o torneio de Acapulco e corre para Roland Garros com o objetivo de conquistar o 22.º título do Grand Slam. Aos 35 anos e após longos meses de uma quase infrutífera recuperação de grave lesão num pé, o grande tenista maiorquino dá assim nova prova de vida. Chapeau!

O parágrafo final vai de novo para o escriba, que entrou há dias no 20.º ano – e último! – como colunista deste jornal. Agradeço a confiança do Bernardo e dos diretores que o antecederam, e a anuência da Cofina, bem como a infinita paciência dos leitores de ‘Record’.

Outra vez segunda-feira, Record, 28fev22

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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