Alexandre Pais

O mostrengo que ameaça o Sporting

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Enquanto não vingarem os meios eletrónicos que defendam a verdade desportiva, incluindo a paragem do jogo – como no râguebi, para recurso ao vídeo-árbitro – o futebol continuará a ser uma modalidade em que os erros dos juízes vencem, pelas piores razões do protagonismo, a capacidade dos artistas. A mim, confesso, afetar-me-iam pouco esses erros se só houvesse intervenientes de boa fé, homens sensatos e justos que não olhassem a emblemas, que se enganassem para os dois lados e que jamais permitissem ser pressionados pelas circunstâncias.
Agora, no futebol português, vivemos um tempo novo. Convencidos de que a arbitragem é comandada por um “sistema” ao serviço dos seus rivais, os responsáveis do Sporting partiram para uma cruzada sem pausas, da qual julgam poder regressar vencedores. O problema é que as primeiras batalhas foram perdidas e Jorge Jesus e Nélson Pereira vão a caminho da bancada onde já se senta Bruno de Carvalho. Os jogadores, esses, têm de continuar a trabalhar a duplicar para suprirem os erros alheios e ganharem os jogos.
Mas a campanha anti-Vítor Pereira e companhia faz pior: irrita os apitadores suscetíveis e com personalidade de flor de estufa, aqueles que validam as irregularidades assinaladas pelos árbitros-assistentes mas que já não são definitivos e aceitam reclamações. E vão depois cochichar com os mesmos auxiliares, para eles deixarem de ver o que viram e darem uma indicação de sinal contrário que lhes lave a face. Ou seja, carregado de razão embora, o Sporting criou uma nova espécie de inimigo, um mostrengo que pode custar-lhe o título.
Canto direto, Record, 1FEV16

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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