A transmissão do Festival da Canção confirmou a falta de qualidade que se antevia. Canções medíocres, intérpretes medianos, produção franciscana e audiência modesta – inferior, por exemplo, à que consegue “O Preço Certo” – ficaram como marcas de um serão que já nem aos nossos avós agradaria. Em 50 anos, o Mundo mudou vezes sem conta e a conceção de espectáculo em que a RTP insiste tem a originalidade da múmia.
A apresentação sóbria de Catarina Furtado e Júlio Isidro – profissionais de gerações diferentes mas a quem os anos apenas somam classe –, a frescura de Leonor Andrade e a lição de humildade de Simone foram insuficientes para fazer esquecer o tédio da infindável repetição das canções finalistas e dos apelos ao voto telefónico. Sem que, pelo meio, outros artistas viessem acrescentar valor ao festival.
Foi uma noite em circuito fechado, com o melhor da RTP, as caras da estação que resistiram a todas as malfeitorias, na primeira fila. E a seu lado, seráfico, o anjo da morte…
Antena paranoica, CM, 14MAR15
O Festival da Canção e o anjo da morte
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