Alexandre Pais

O exemplo de Figo contra os milionários sem coração

O

Se temos o melhor jogador, o melhor treinador, o melhor árbitro – infelizmente, retirado há dias – e o melhor agente do Mundo porque não poderemos ter um português como presidente da FIFA? Ainda por cima, seríamos representados por uma grande figura do desporto, também ele, na sua época, o melhor futebolista do Planeta.
Além de qualidades naturais, de sólida reputação na área dos negócios e de um indiscutível prestígio internacional, Luís Figo tem outro atributo indispensável para aspirar ao poleiro do sr. Blatter: a ambição de ser o líder do futebol mundial.
Escolheu também Figo uma excelente bandeira para travar esse combate: a de recuperar a reputação de uma organização que perdeu a imagem da transparência e da honradez. E que fez, com isso, que viesse ao cima outro jogo que não o futebol: o dos interesses mais obscuros.
No fim de tudo, mas não menos importante, Figo pode, pela força do seu intocável exemplo, dar ainda uma bofetada de luva branca em tantos milionários da bola que são campeões do egoísmo, incapazes de devolver à sociedade uma pequeníssima parte do que ela lhes proporcionou. Milionários com uma fachada de vida em família mas que andam a pagar bilhetes de avião e quartos de hotel a umas e outras, milionários que pedem computadores de presente a troco de entrevistas, milionários que deixam ficar amigos com camisolas estendidas para um autógrafo enquanto passam nos seus bólides no final dos treinos ou que, simplesmente, exigem o pagamento das viagens, por curtas que sejam, para receberem um prémio com que alguém os distinga. Enfim, milionários sem coração capazes de ignorar até os clubes de origem e desprezar quem fez deles o que hoje são.
É igualmente contra gente pequenina como esta que Figo se apresenta. E nós com ele.
Canto direto, Record, 2FEV15

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

Arquivo

Twitter

Etiquetas