Alexandre Pais

Embora por agora nada mais haja que isto

E

Preencher com texto uma reportagem de um minuto e 20 segundos pode parecer fácil, mas não é. E menos ainda se o repórter for novato e trabalhar sem rede, ou seja, desenrasca-te e pronto.
Há dias, tentando explicar um acidente de viação, o jornalista advertia de forma surreal: “…Embora por agora oficialmente não sejam avançadas causas que merecem profunda investigação.” O que quererá dizer o “oficialmente”? E no que difere a investigação da “profunda investigação” quando duas viaturas colidem? Perguntas sem resposta que se juntam à pressa e à necessidade de “encher” com palavras o tempo das imagens. Daí que a criança ferida tivesse seis anos “de idade” – havia de ser de quê? –, que “todos” os sinistrados fossem assistidos – poderia ter algum ferido ficado sem assistência? – ou que houvesse necessidade de interromper a estrada para limpeza “dos destroços” – e não do tapete da sala, coisa surpreendente.
A guerra perdeu-se, os doutores da escrita simples e escorreita estão quase todos mortos.
Antena paranoica, CM, 31JAN15

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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