Alexandre Pais

Na ‘Gália’ de doidos uma aldeia resiste: Alvaladix

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Mal terminou de empatar em casa, com o ‘underdog’ Rayo Vallecano, o treinador do Barcelona – que não quer Aubameyang nem Memphis Depay e contratou Lewandowski, Raphinha, Koundé, Christensen e Kessié, entre outros – reclamou ‘más fichages’ a Laporta. O Barça parece falido mas é um saco sem fundo. E Xavi o seu profeta.

Também Erik ten Hag vive na mesma ilusão. Depois de ter trazido Malacia, dispensado Matic, chamado Eriksen, aprovado Lisandro Martínez e recrutado Benni McCarthy para ‘coordenador de jogadas ofensivas’ (?), o técnico holandês atribuiu à falta de qualidade do plantel o sub-rendimento do Manchester United – que no sábado foi humilhado com quatro golos em 25 minutos (!) pelo ‘modesto’ Brentford. E foi claro no diagnóstico: “Precisamos de jogadores novos e de qualidade”. Mas das possíveis ‘novas’ aquisições do United de que se tem falado, só Frenkie de Jong – outro que não quer jogar na Liga Europa… – faria de facto a diferença, uma vez que Rabiot, Morata ou Raúl de Tomás seriam tão bons ou tão maus como os que já lá estão. E para ‘refazer’ uma equipa que fraqueja por de mais no eixo da defesa, que dispõe de quatro centrais titulares habituais das suas seleções – Varane, Lindelof, Maguire e Lisandro Martínez – e que acabou de pagar 7 milhões de euros ao Nápoles por Tuanzebe, central internacional sub-21 inglês, exigir ‘jogadores novos e de qualidade’ é a loucura total.

Felizmente que nesta imensa ‘Gália’, desprovida de noção de que os recursos são finitos, existe uma pequena aldeia que resiste: chama-se Alvaladix. Há dias, o discurso de Rúben Amorim não podia ter sido mais lúcido: “Não temos mais 1 euro para gastar, está tudo esticadinho ao máximo”. Esta simbiose de vontades e de responsabilidade entre Frederico Varandas e o treinador que escolheu torna o Sporting num modelo a seguir: contratar bem e preparar melhor, gerir com rigor e não entrar no campeonato dos maluquinhos. E assim consolidar o clube como criador de talentos e gerador de mais-valias, um projeto simultaneamente competitivo e sustentável. Só espero que, no Belenenses, o presidente Patrick jamais se deixe enredar nos cantos de sereia dos velhos ‘extraterrestres’ e mantenha o Restelix no rumo das contas certas pelo qual em boa hora optou. Mais vale ‘marcar passo’ duas ou três épocas na Liga 3 do que voltar à desgraça do tempo em que não havia dinheiro nem para pagar a conta da água.

Parágrafo final para as tristes cenas protagonizadas em Guimarães por uma cáfila de energúmenos croatas e portugueses. Quanto aos estrangeiros, sabe-se que os agentes da lei tremem perante a eventualidade de ter de os meter na cadeia, talvez para não comprometer a ideia formada que lá fora têm do bananal. Já os anormais da casa, que há anos espalham a violência por onde lhes dá na gana, deviam estar mais do que identificados e ser retirados das proximidades dos estádios em dias de jogo. Mas a estupidez do excesso de cautelas na proteção de dados retira às polícias a ferramenta dos vídeos, essencial para o controlo dos néscios. O que terá de acontecer de grave para que nos seja indiferente que a nossa imagem possa surgir, ocasionalmente, nos ecrãs de quem tem por missão prevenir o crime e combater os delinquentes? Algum dia a necessidade aguçará o engenho…

Outra vez segunda-feira, Record, 15ago22

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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