Alexandre Pais

Dores de crescimento? Sim, o Sporting tem de sofrer

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Há poucos meses, quando o Sporting se sagrou campeão nacional, os seus adeptos reagiam mal ao que consideravam ser as ‘desculpas’ dos adversários para o êxito leonino. Em boa parte, tinham razão, mas vê-se agora que não tinham toda a razão. De facto, uma coisa é jogar ao fim de semana, outra é entrar em campo a cada três dias. Uma coisa é investir milhões em jogadores feitos, outra é fazer ‘crescer’ apressadamente ativos da academia. Uma coisa é contratar profissionais com experiência e currículo internacional, outra é tentar convencer os ‘miúdos’ que, tendo também uma cabeça e duas pernas, é possível baterem-se de igual para igual com gente carregada de tarimba europeia.

Num plantel curto e ainda ‘imberbe’ não espanta que a falta de Coates e Pote se tenha feito sentir tanto, o que levou já os entusiásticos veneradores de Rúben Amorim – que fizeram o mesmo com Bruno Lage quando lhe começaram a faltar os resultados depois de ter sido campeão – a questionarem as suas opções. Caso das cedências de Eduardo Quaresma ou Sporar, como se a SAD nadasse em dinheiro e pudesse ficar com todos. Ou um treinador exigente e ponderado se tivesse transformado num irresponsável só por causa de um desaire europeu!

Rúben Amorim falou, e bem, das ‘dores de crescimento’ e nisso reside o cerne do problema. Não se cresce sem sofrimento. Ou os sportinguistas se convencem que poderão não ser campeões de novo este ano e se conformam com isso, dando tempo ao treinador para continuar a construir uma equipa sólida – a resposta no Estoril após o ‘desastre’ foi excelente – ou se juntam às críticas dos arrivistas, põem causa o trabalho feito e tudo voltará ao princípio. Não existe terceira alternativa e é péssima, horrível, a recordação que os anteriores ventos de destruição deixaram em Alvalade.

Factos. A Juventus, sem Cristiano, fez 1 ponto em três jogos, e está no antepenúltimo lugar, a 8 (!) pontos de Inter e Milão. Livre da Juve, Cristiano marcou 4 golos em três partidas e o United é um dos líderes da Premier. Começa a ver-se quem se viu livre de quem…

Cinco jogos e apenas uma vitória, a via sacra de Bruno Lage no Wolves. Só por milagre passará o Natal em Inglaterra, uma previsão de muitos profetas da desgraça, que tínhamos – e ainda temos – a esperança de não ver concretizada, até porque isso significaria o princípio do fim da ‘armada portuguesa’ em Wolverhampton. Mas não será fácil.

Parágrafo final para saudar João Almeida e Fernando Pimenta. O ciclista por ter somado à Volta à Polónia e ao 6.º lugar no Giro a conquista da Volta ao Luxemburgo. O canoísta por se ter sagrado pela segunda vez campeão do Mundo e continuar a acumular êxitos – só medalhas são mais de 100. Chapeau!

Outra vez segunda-feira, Record, 20set21

Por Alexandre Pais
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