Vejo como um caso de estudo que a justa euforia em torno do histórico desempenho de Cristiano Ronaldo, frente à Espanha, seja acompanhada por críticas absurdas a Lionel Messi, por não ter convertido um penálti e carregado a seleção argentina às costas. Vão ser esses os comentadores que amanhã, se Cristiano estiver mais apagado face a Marrocos e Messi fizer um jogo ao seu nível contra a Croácia, dirão ou escreverão precisamente o contrário do que fizeram nos últimos dias. Tantos anos a ver futebol sem entenderem que, num minuto, os heróis passam a vilões e vice-versa… Quer dizer, entender eles entendem, mas têm de vender o seu peixe e jogar com a eternamente curta memória dos adeptos.
Aliás, somos bons nesse jogo, como se viu há dias com a tomada de posse de Lopetegui, novo treinador do Real Madrid. A oportunidade logo foi aproveitada pelos mestres da intriga, que se apressaram a repescar as declarações em que o técnico considerava Messi como o melhor futebolista da história, tentando envenenar uma futura relação com Cristiano Ronaldo. Desonestamente, puseram de parte o que Lopetegui, na mesma ocasião, afirmou sobre o capitão da Seleção. Cito: “É o jogador com mais mérito que posso recordar. Foi capaz de coexistir com Messi e de lhe tirar triunfos individuais e coletivos. É um competidor extraordinário, que tudo baseia na disciplina, no trabalho e na superação. Marcou o rumo de um balneário durante muitos anos. A nível mental é o mais forte de todos”. Penso de idêntica maneira e acredito que maior seria ainda o “melhor da história” se tivesse o espírito de competidor e o nível mental do “mais forte de todos”.
Gostava de ter visto o fantástico embate entre Alemanha e México junto de Nuno Espírito Santo e de Sérgio Conceição, que mandaram à vez para o exílio o precioso Miguel Layún – como se fosse apenas mais um – para ver as suas caras perante a fabulosa exibição do internacional mexicano. Como pode uma estrutura profissional desperdiçar, repetidamente, tanto talento e tanta disponibilidade física?
O parágrafo final vai hoje para o 98.º título de Roger Federer, o 18.º na relva, e o seu regresso a n.º 1 do ranking mundial, pela terceira vez desde janeiro, somando 310 semanas entre 2004 e 2018. É que dentro de um mês e meio o homem fará 37 anos! Antes iremos vê-lo ainda defender os seus êxitos de 2017, em Halle e em Wimbledon. Chegará em julho aos 100 títulos ATP? De qualquer forma, eis uma boa alternativa para compensar o stress do massacre televisivo do Mundial…
Outra vez segunda-feira, Record, 18JUN18
Nota: Este último parágrafo foi truncado, por lapso, na edição em papel. Tenho a certeza que o facto não está relacionado com uma certa e saloia corrente anti-Federer e pró-Djokovic que existia no meu tempo de diretor do Record. Mas que eles andem aí, andem…
Cristiano e Messi: o mais forte de todos e o melhor da história
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