Alexandre Pais

Caso do Meco: alívio pela sétima vítima

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O Ministério Público mandou arquivar o inquérito sobre a morte dos seis jovens arrastados pelo mar, no Meco, no final de 2013, por não terem sido recolhidos indícios de crime.
Só a dor profunda, insuportável e definitiva pode justificar a insistência de alguns familiares das vítimas em encontrar à outrance um culpado pela sua perda. Num discurso repetitivo e pleno de amargura, a raiva, alimentada está à vista por quem, continua dirigida ao sobrevivente – que não sabe se teve sorte ou azar em ter escapado, tão brutal é o fantasma que o perseguirá para sempre.
A verdade para mim não está nas suposições de leigos e na obsessão por uma qualquer reparação da tragédia, mas no relatório dos que têm competência para investigar, as polícias e o MP, que não confirmaram a existência de coacção ou praxes violentas, bruxarias ou ocultação de provas, costas viradas para o mar, pés amarrados ou olhos vendados, fuga do “dux” ou quebra do dever de auxílio.
Até as testemunhas de tudo e mais alguma coisa, que andaram meses a mentir aos jornalistas, com suposto conhecimento de situações escabrosas ou passíveis de procedimento criminal, mudaram os depoimentos quando acabou a hora do recreio.
O lamento pelo cruel suplício de seis jovens deve ser acompanhado pelo alívio de não se ver incriminada a sétima vítima.
Observador, Sábado, 7AGO14

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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