A televisão tem sido bem utilizada por José Sócrates para combater, e procurar reduzir, o avanço das intenções de voto no PSD, expresso nas últimas sondagens.
As transmissões directas das presenças do Executivo no Parlamento são sempre manifestações do poder de argumentação do primeiro-ministro, que ainda ontem se voltou a desenvencilhar com êxito – se tem ou não razão é outra história – das duras críticas dos dois melhores tribunos de S. Bento: Paulo Portas e Francisco Louçã.
Sócrates, que diz não ter vocação para vítima, veste afinal essa pele e serve-se das câmaras, já em campanha eleitoral, para tentar convencer os portugueses de que todo o mal vem de fora e que a nossa desgraça está não nele e no seu governo mas naqueles que se lhes opõem.
Nada de diferente fez, aliás, na entrevista a Ana Lourenço, na SIC Notícias, aproveitando aí a serenidade da entrevistadora para dar à conversa um tom intimista, que naturalmente o favoreceu, pois até as perguntas mais difíceis flutuaram entre o chá e a simpatia.
A televisão é o verdadeiro salva-vidas de Sócrates.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 19 março 2011