A imagem de raiva de Lopetegui, a rebentar a murro (!) a cobertura do banco portista no Restelo – tão patética como a nova e irritada conversa de pé de orelha, desta vez com o quarto árbitro, que manteve no final do jogo – é bem o sinal da incapacidade de controlo do técnico. Mas é igualmente consequência da péssima forma com que a sua equipa termina a época, o que se confirmou ontem, no Restelo, de onde os portistas só não saíram derrotados porque Camará não é Jackson.
Correndo o risco de ficar apenas com um ponto de vantagem sobre o rival, depois de empatar em Guimarães, o Benfica aproveitou o golo de Tiago Caeiro, um velho conhecido dos seus escalões jovens, para arrumar a questão e sagrar-se campeão, aliás, bicampeão, após três décadas de hegemonia portista.
Sendo os jogadores que jogam, é justo que se atribua também o mérito da proeza encarnada a Luís Filipe Vieira e a Jorge Jesus. Ao presidente porque protegeu o treinador nos piores momentos, naqueles em que passou de bestial a besta – repare-se como, em Madrid, já se esqueceram da Décima de Ancelotti… – e que foram alguns, e porque desistiu, nos últimos anos, de assumir o espúrio protagonismo na guerra das palavras, em que nem sempre ganhava, e se contentou, no futebol, com uma magistratura de influência. Nota alta nessa área para o papel de João Gabriel, que poupa Vieira aos danos colaterais do trabalho sujo das guerras de Alecrim e Manjerona. E o aplauso a Jesus, homem poupado, porque venceu a liga só com um olho, que lhe chega e sobra para ver mais do que alguns aprendizes de feiticeiro com os dois abertos. Se não ficar na Luz, cometerá o maior erro da vida – e Vieira da sua como líder do Benfica.
Canto direto, Record, 18MAI15
Jorge Jesus, um homem poupado
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