Alexandre Pais

Sporting: os dias de cólera

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O Desportivo de Chaves cumpria uma época de grande estabilidade, a três pontos da subida e com bons desempenhos nas taças de Portugal e da Liga, quando a sua direção despediu Luís Norton de Matos. O Chaves acabara de empatar em casa com o líder, um resultado normal, que mantém as aspirações do clube, mas os dirigentes deram ao técnico, como razão para a dispensa, que a equipa podia fazer melhor. Não existindo motivos para se afastar quem sabe, quem julga que sabe dá essa desculpa. Claro que é sempre possível fazer melhor. E pior, então, nem se fala.
Não é o que se passa no Sporting, apesar de não faltarem românticos a achar que os leões deviam liderar a liga. Em Alvalade, a guerra é de egos, antes de outros problemas intestinos criados para destruir uma relação profissional que só sendo sólida sairia vencedora. De um lado, um treinador jovem e determinado – eu diria até que não com uma, mas com duas costelas de Paulo Bento… – de cabeça arrumada e a guiar-se por princípios. Do outro, um presidente igualmente jovem, de personalidade forte e inquestionável capacidade de gestão, mas que tarda em perceber que a liderança do futebol profissional só lhe pertence quando a intervenção técnica termina. Sendo que essa intervenção vai além dos limites dos treinos e dos jogos e se estende também ao tempo em que os jogadores têm de ser confrontados com o que fizeram ou não fizeram em campo e com o modo como terão de atuar no futuro. Invadir essa área como chefe supremo de tudo o que mexe é condenar os objetivos ao insucesso.
Infelizmente para o Sporting, e dado o perfil de Bruno de Carvalho, os dias de Marco Silva em Alvalade estão contados. Mal a bola bata no poste e a vitória fuja, logo a cólera saltará do banco onde permanentemente nos lembra quão poderosa é.
Canto direto, Record, 29DEZ14

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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