Alexandre Pais

Seleção: equipa não temos

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Um dia, nas Salésias, quando o árbitro não marcou um penálti a favor do Belenenses, a turba voltou-se, irritada, para a bancada de imprensa, instalada na zona dos camarotes – quadrados cimentados com umas cadeirazecas… – e vociferou: “Ò Farinha, agora vê lá se escreves isto!” Farinha que não era, obviamente, o Nuno, mas o Alfredo. Creio que vem desse tempo que passou o conceito “fio de jogo”, hoje não direi propriamente ultrapassado, antes vestido com roupagens científicas por alguns ultramodernos comentadores de bola.
Chamemos-lhe o quisermos, tanto dá, para classificar a ausência de sentido coletivo uma vez mais demonstrado pela Seleção na partida contra a Arménia. O certo é que a equipa de todos nós de equipa tem pouco, é sim um conjunto de individualidades, cada uma a fazer o melhor que pode mas a puxar para o seu lado, o que provoca um futebol de repelões, que se desgasta num esforço insano e repetitivo de consequências próximas do zero – bater de frente nos autocarros, em alternativa aos centros para a cabeça dos gajos…
O resultado desse “meia-bola e força” é conhecido, dois golos marcados em 270 minutos, com dois dos três desafios a serem disputados em casa, perante potentados do futebol como são Albânia e Arménia, embora essa coisa dos jogos fáceis pertença ao passado. Note-se-se como também a França, no particular com a Albânia, não foi além de um empate, mesmo atuando no seu terreno.
Mas a falta de “fio de jogo” da Seleção não responsabiliza Fernando Santos, que não treina os jogadores, nem lhes paga o salário, limitando-se a escolhê-los, a recuperá-los fisicamente e a incentivá-los para renderem, no fundo, o que eles bem quiserem. Depois, é esperar que resulte, são esses os tempos. Aliás, atente-se no que tem sido a desgraça da seleção grega pós-Santos e veja-se o que ele sabe disto…
Canto direto, 17NOV14

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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