Una vergüenza en Lisboa

 

Onde estavam
esses chefões
sempre tão  prontos
a aparecer na televisão?
Se eu fosse espanhol e visse as “edificantes” imagens televisivas do confronto de díscolos de quinta-feira, em Alvalade, sentiria alguma revolta por ver compatriotas meus a serem recebidos daquela maneira em Lisboa? Claro que não, pois conheceria, como todos conhecemos, a escumalha que se alberga por detrás da generalidade dos emblemas, por mais prestigiados que sejam, como é o caso do Atlético de Madrid e igualmente do Sporting.
O futebol, por maiores cautelas que se tenham, continuará a ser válvula de escape para muitos “descamisados” desta sociedade doente e também o ninho onde se aquecem energúmenos dos mais diversos níveis, prontos para espalhar o pânico e exorcizar, nos atos de vandalismo e na desordem pública, as suas frustrações. Basta lermos alguns comentários nos sites de desporto – e em especial os impublicáveis… – para aquilatar bem o calibre tortuoso dessa malandragem.
Não sendo isto novidade, como qualificar então o comportamento dos responsáveis policiais na organização da segurança do Sporting-Atlético, que nada previram, nada preveniram e de nada cuidaram? As imagens de alguns agentes dispersos, que fugiam perante a carga da espanholada, fizeram pior à imagem da polícia do que cinco anos, ou dez ou 20, de desconsiderações absurdas da tutela.
Onde estavam anteontem os comandantes, esses chefões sempre tão prontos a aparecer à frente das câmaras de TV, com ares de grande operacionalidade e eficácia? E onde estavam antes, quando deviam ter planeado e não planearam? E o ministro Rui Pereira, além de coisa nenhuma, o que diz disto?
Amanhã, no Algarve, 1.100 agentes estarão destacados para manter a segurança. Mas se forem dirigidos como os pobres que andaram por Alvalade a fazer de carne para canhão, então vamos voltar a ter bagunça. E da grossa.
Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 20 março 2010