“A tragédia da morte consiste em que ela transforma a vida em destino” – André Malraux, escritor francês, 1901-1976
A queda do avião que vitimou há dias quase toda a equipa brasileira da Chapecoense, na Colômbia, fez recordar tragédias idênticas com outras representações futebolísticas. De todas, aponto agora as duas que mais me impressionaram.
A primeira não a vivi mas passei largos anos a ouvir o meu pai lembrá-la: foi a da aniquilação total de uma fabulosa equipa do Torino – por isso conhecida por Grande Torino, pentacampeã de Itália na década de 40 – que viera a Lisboa jogar, e perder (4-3), com o Benfica. No regresso a Turim, em 4 de maio de 1949, e perante condições de tempo bastante adversas, o Fiat G.212 em que viajavam despenhou-se contra um muro da basílica de Superga, perto do aeroporto onde deveria aterrar, e vitimou os 31 passageiros.
A outra tragédia, talvez por já ser leitor da imprensa desportiva, tocou-me ainda mais. Era uma época em que o treinador do Manchester United, Matt Busby, maravilhava a Inglaterra e a Europa com os seus talentosos Busby Babes, uma equipa que seria quase aniquilada quando oito jogadores se contaram entre as vítimas de outro brutal acidente de aviação. Foi a 6 de fevereiro de 1958 que um Airspeed Ambassador, vindo de Belgrado, caiu logo após descolar, no aeroporto de Munique, onde fizera escala, morrendo 23 dos 38 ocupantes. Busby e sete futebolistas sobreviveram. E um deles, Bobby Charlton, viria até a ser o carrasco de Portugal – fez os golos da vitória inglesa (2-1) – no Mundial de 1966. Vimo-lo há dias, em Old Trafford, homenageando as vítimas da Chapecoense. Como é a vida.
Parece que foi ontem, Sábado, 7DEZ16
Duas tragédias que me marcaram
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