Os negócios dependem essencialmente de uma caraterística especial dos investidores, que ou se tem ou não se tem: a capacidade para prever o que há-de vir. Não dispor dessa qualidade ou, tendo-a na maior parte das vezes, falhar um feeling, pode conduzir a prejuízos irreparáveis.
A contratação de Lopetegui pelo FC Porto constituiu, há dois anos, um risco tremendo e já muito se perorou sobre isso. Mas o maior erro da gestão portista, perante o caótico final da primeira temporada do técnico basco, completamente desnorteado e em guerra com Jesus, com Deus e com o Mundo, foi a insistência em o manter no cargo, dando-lhe outra oportunidade numa segunda época.
Não se tratou só do descalabro desportivo dos azuis e brancos – que esse será esquecido com os bons resultados que sempre chegarão – mas em especial dos catastróficos e persistentes efeitos que o falhanço de Lopetegui provocou na tesouraria do FC Porto, onde já não vemos chegar as camionetas que antes lá descarregavam toneladas de notas.
O clube que mais e melhor vendia nesta altura do ano surge incapaz de fazer negócios chorudos, não porque não saiba mas porque a matéria-prima se desvalorizou drasticamente. Martins Indi, Quintero, Aboubakar ou Brahimi, por exemplo, valem metade do que poderiam, a espanholada que resta pouco renderá e só Herrera parece capaz de lograr um encaixe à moda da casa. Até porque Nuno Espírito Santo, vendo que não se safava com acomodados, se virou para os jovens com talento que não faltam no plantel, enquanto os monos milionários dormem na forma. São milhões de euros que a teimosia gerada por uma perigosa suposição de infalibilidade desvia do Dragão.
Canto direto, Record, 1AGO16
FC Porto vê milhões a voar
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