Alexandre Pais

Velocidade furiosa

V

Parece um filme cuja ação decorre no Terceiro Mundo. A viatura oficial de Eduardo Cabrita atropela um trabalhador que limpava a via. Substituindo-se ao inquérito da GNR, que tutela, o MAI divulga um comunicado – com narrativa do próprio ministro, só pode – atribuindo a culpa à vítima e à falta de sinalização. No funeral, o Governo não se faz representar e a família do sinistrado é cruelmente abandonada.

Entretanto, uma investigação CM admite que o bólide registaria uma velocidade média de 200 km/hora, que não se notava no asfalto qualquer marca de travagem, que a zona de intervenção estava bem demarcada, que ao motorista não terá sido feito o teste do álcool e que os investigadores da GNR não tiveram acesso à viatura – apesar de ela ter sido removida do local por um comandante territorial da instituição!

Como se fosse pouco, Rui Rio deitou mais sal no guião ao revelar que o carro não se encontra registado na devida conservatória… E Cabrita candidata-se ainda ao óscar da cara de pau, ao não se dignar sequer sair do popó após o impacto que deixou um homem prostrado, em agonia. Ficou a fazer o quê? A ligar à secretária a pedir para não tirar o almoço do forno? É tudo mau de mais… a ser verdade.

Antena paranoica, Correio da Manhã, 3jul21

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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