Os economistas andam pessimistas, os políticos desorientados, os portugueses preocupados e deprimidos. Mas temos também energias ocultas, forças de reserva, gente criativa, patriotas capazes de empunhar a chama da esperança e do futuro. É o caso do impagável sr. Fernando, protagonista do nacional-imaginário que desconhece qualquer adversidade e supera todas as crises.
O pai da Fanny – essa mais do que potencial vencedora da “Casa dos Segredos”, da TVI – depressa se tornou numa figura planetária graças a dois simples factores: o visual luso-característico e o palavreado solto e descarado. E o sr. Fernando é hoje não apenas o emigrante que vinha semanalmente da Suíça para apoiar a filha e lavar a honra atingida pelo ex-futuro genro, mas um homem de negócios que cobra 650 euros por presença em eventos sociais da mais refinada freguesia.
Para arrebatar o cheque de 50 mil euros, promete rapar o bigode assim que a Fanny vença o concurso. Com a sua linguagem básica, a filha podia até chamar-lhe o mestre da “futileza”, termo acabado de inventar pela jovem, só que papá Fernando está já mais à frente, é uma star – o cromo de garantia do Portugal eterno.
Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do “Correio da Manhã” de 17 dezembro 2011
