Sexa, o Presidente, deu conhecimento aos portugueses de que os jogadores da Seleção estão “em grande forma”, repetindo assim a garantia ouvida da boca de Sexa, o primeiro-ministro, de que Cristiano está “em grande forma”. Por mim, nada de dúvidas. Porque as declarações dos principais responsáveis políticos do País, assentando na fé, trazem a chancela de dois por vezes irritantes conhecedores de futebol, que não falam só por falar.
Por outro lado, a concludente exibição, com goleada, dos nossos rapazes frente à seleção da Estónia, 94.ª classificada – e 40.ª europeia – no ranking da FIFA, fez perpassar pelo coração dos adeptos um vendaval de esperança que só uma realidade madrasta poderá travar.
Começo por alinhar nessa esperança. Porque a equipa de todos nós evidencia a frescura física e mental que lhe faltava em 2014, pese a defesa carregada de veterania. Porque no meio-campo dispomos de carradas de talentos e de soluções. Porque na frente, apesar de só haver um ponta-de-lança – que se tem mostrado bem menos tosco do que se julgava –, se juntou a Cristiano um génio que parecia perdido para o grande futebol e que surge em forma transcendente na hora própria: o velho Quaresma. E porque, não menos relevante, Fernando Santos acertou no tom do discurso, na lógica do raciocínio e na medida da ambição. Pode dar certo desta vez? Hum…
É que mesmo com esperança, acordo de noite, às voltas com o velho pessimismo português. Dou com a notícia de que, afinal, Ricardo Quaresma deve falhar o jogo de estreia e penso logo mais à frente, na treta habitual de um CR7 a 100%, quando todos sabemos que num final de temporada não conseguirá estar ao seu nível – e menos ainda se tiver que disputar sete partidas em 25 dias. Não, amanhã vou estar também em grande forma, mas de pé atrás porque assim tudo o que vier de bom será lucro.
Canto direto, Record, 13JUN16
Tudo em grande forma e eu de pé atrás
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