Alexandre Pais

Somos bons a sacudir a água do capote

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Carregados de qualidades, os portugueses são mestres em dois defeitos: a inveja social que lhes ilumina a vida e a mania de sacudir a água do capote para que outros paguem as favas.
Ao primeiro já aqui me tenho referido várias vezes e a ele desgraçadamente voltaremos. Quanto ao segundo, acabou de se evidenciar de forma gritante em casos recentes. Um foi o da morte de dois recrutas comandos, pela qual foram constituídos sete arguidos, quase todos mexilhão. É a forma que mais agrada aos responsáveis do Exército para que não sobre para eles, como se fosse possível que os atos de selvajaria já revelados, e que só poderiam ser prática corrente, pudessem concretizar-se sem que oficiais de patente superior os conhecessem. Enquanto se cometiam os excessos nos treinos os senhores estavam exatamente onde? A jogar à canasta?
Outro acontecimento não menos chocante foi o do vídeo posto a circular em que um detido algemado é agredido, em Olhão, por meia-dúzia de guardas da GNR, gente tão impreparada para a função como aquela que vira as costas a um criminoso detetado num local ermo, de madrugada, e que é, por isso, abatida, como sucedeu em Aguiar da Beira. A esta incompetência para lidar com bandidos, cada vez mais hábeis e ferozes, como respondem os comandos da GNR? Alterando regras de abordagem e melhorando a preparação dos seus homens? Não parece nada que estejam para aí virados.
Observador, Sábado, 17NOV16

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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