Abro o livro a pedido da minha filha mais nova e leio que existem dois tipos básicos de fósseis: os somatofósseis e os icnofósseis. Aprendo a seguir que a moldagem é o processo mais frequente de fossilização, podendo os moldes serem externos ou internos. E cito: “Por vezes, o molde interno é coberto por sedimentos que registam a morfologia interna, mas em relevo negativo, constituindo um contramolde do molde interno. Se, pelo contrário, sobre o molde externo se depositam sedimentos, origina-se um fóssil com relevo positivo que representa aspetos da morfologia externa do ser vivo; este fóssil é um contramolde do molde externo”.
Já cansado, faço uma pausa para me flagelar por há poucas semanas, em Roma, ter procurado convencer a Mariana dos méritos do trabalho de um grupo de jovens paleontólogos, numa pequena escavação no exterior do Coliseu. Ela tem 12 anos e talvez não perceba a abnegação deste meu arqueológico retorno à escola, para tentar ajudá-la a descodificar a cativante problemática da fossilização, tão importante como inútil para o seu futuro e para a sua felicidade.
Pior só a obrigatória leitura da Odisseia, de Homero, com a qual pretenderão destruir 12 anos de investimento em livros e de incentivos ao seu usufruto como fonte de sabedoria e crescimento. Meto as velhas orelhas de burro – não entendo, mesmo.
Observador, Sábado, 27OUT16
Sabe o que é um contramolde do molde interno?
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