“Fotografar é colocar na mesma linha a cabeça, o olho e o coração”
– Henri Cartier-Bresson, fotojornalista francês, 1908-2004
Foi lançado na semana passada o livro Afectos, em que o repórter-fotográfico Rui Ochôa descreve, por imagens, o percurso que levou Marcelo Rebelo de Sousa da decisão de candidatura à vitória eleitoral.
Fotógrafo oficial de Sá Carneiro, de Francisco Balsemão e de Cavaco Silva, ex-diretor de fotografia do Expresso, Rui Ochôa deu, há 25 anos e a propósito da nova imagem de Cavaco Silva, uma entrevista à Tomorrow. Nela revelava ter no seu arquivo centenas de milhares de fotos de políticos portugueses e escolhia Mário Soares como fotografado preferido – ele que captou a mais célebre fotografia da agressão na Marinha Grande, em 1986, que viria a mudar o rumo das presidenciais.
Confessava ainda à jornalista Palmira Correia nem sempre ter sido pacífica a relação com Cavaco e explicava que com o trabalho então feito, em São Bento, pretendia alterar a ideia de que o então líder do Governo era “uma pessoa rígida e pouco comunicativa”. Reconhecia W. Eugene Smith como referência profissional, dizia guiar loucamente, ser um grande dançarino, querer ter uma casa na aldeia e orgulhar-se muito da filha, Elisa, de 16 anos.
Em 1991, era assim Rui Ochôa, um portuense hoje com 67 anos, fotógrafo de presidentes – e já uma lenda.
Há 25 anos, uma lição: “Só há uma maneira de fotografar, é bem”
Corria o ano de 1991, a Tomorrow publicava fotografias diferentes e recebia ofertas de colaboração de jovens profissionais com conceitos revolucionários. Como director da revista, senti-me ultrapassado pela nova onda, ligada à moda, em especial quando tentavam impingir-me imagens muito in mas desfocadas ou demasiado escuras. Tive, então, de pedir ao Rui Ochoa, já uma referência entre nós, que me explicasse se essas fotos eram de facto boas. Ele nem as quis ver: “Alexandre, só existe uma forma de fotografar, é bem”. E lá se me acabaram as dúvidas.
Parece que foi ontem, Sábado, 10MAR16
Rui Ochôa: o fotógrafo dos presidentes
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