Um dos temas da semana noticiosa na TV foi a continuação da polémica relativa a subsídios e viagens dos deputados que residem longe da capital. Entendo que a questão não saia da agenda, pois a classe política está sob escrutínio severo. As pessoas fartaram-se de espertalhões e de gatunos, a inveja social segue em alta – fomentada pela cedência dos governos à demagogia – e a informação cavalga, como lhe cabe, a onda do interesse público. Vou contra esse tsunami.
Para que um deputado de fora possa viver em Lisboa, e até ter cônjuge e filhos consigo, o Estado atribui-lhe 500 euros por semana. Parece muito, mas com o preço atual das rendas acaba por não ser tanto assim. E à sexta-feira – uma, duas ou quatro vezes por mês, conforme pode, lhe apetece ou a distância aconselha – o tal deputado visita o local de origem, onde mantém residência e família, ou parte dela. É escandaloso que lhes paguemos as viagens, porquê?
A dúvida está em saber se queremos ser representados em São Bento por batedores de palmas semi-analfabetos a quem umas “broas” bastam ou por gente um bocado melhor. Claro que já há deputados, a tremer com os protestos e prontos a mudar a legislação. São muito poucochinho, coitados.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 12MAI18
Que deputados queremos?
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