Há muito que não se via tão desenxabida a festa social-democrata do Pontal, e ou os canais de TV acertaram uma estratégia anti-PSD e divulgaram o pior do discurso de Passos Coelho, ou a coisa está preta.
Os analistas coincidem na falência da mensagem de Passos e dão o Orçamento de Estado da “geringonça” para 2017 como favas contadas. Mas confesso que me interrogo: se a bater mal da cabeça não parece estar, e burro não é, por que insiste Passos na visão catastrofista e por que razão não baixa então o PSD dos 30 e tal por cento nas intenções de voto?
Conseguindo, em 2015, esconder a bomba-relógio em que se tornou a banca para ganhar as eleições, Passos legou-a ao sucessor, pronta a explodir. E os resultados negativos dos bancos no primeiro semestre, as réplicas infinitas do terramoto BPN, a chaga por fechar do Banif, a falta de comprador para o Novo Banco e a recapitalização da CGD só podem ser resolvidos com um milagre. Como milagres não há, o cenário provável é um resgate à banca, com os custos a recaírem sobre os contribuintes.
A um Orçamento a dar mais uns milhares de milhões à banca que se deixou roubar é que a “geringonça” não resiste. É esse o jogo de Passos – voltar para o rescaldo de um fogo que antes foi incapaz de controlar.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 20AGO16
Passos joga o tudo ou nada
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