Como belenense, agradeço a José Mota o empenho e dedicação que colocou no seu trabalho como treinador do meu clube, ao longo de muitos e penosos meses.
Orientar o plantel de um emblema atraiçoado – por mestres de obras aventureiros, vaidosos ignorantes do futebol e dos seus segredos – e que não tem condições para honrar os seus compromissos, não é fácil. Pior, só mesmo tentar motivar jogadores com salários em atraso, fazer com que se esfarrapem em campo, conseguir que deem o máximo com alegria. E tudo José Mota suportou, com profissionalismo e de cabeça sempre erguida.
O técnico arriscou, mais, a própria carreira, havendo até quem pedisse, na eterna ilusão de grandeza azul, a sua demissão, como se a equipa pudesse render mais e fosse Mota a raiz do mal.
Mas o tempo, como inultrapassável mestre da vida, se encarregou de repor a verdade. E agora, ao serviço do Vitória de Setúbal, outro clube carregado de problemas, José Mota pôde já começar a recordar aos mais “esquecidos” que é um treinador sério, competente, com méritos firmados. Fazer milagres é que não – isso não lhe peçam porque não é capaz.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 8 março 2012