Alexandre Pais

O dragão abana, o leão sofre e a águia sorri

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O início das épocas não conta muito mas, como diria o outro, antes estar melhor que pior. E o Benfica tem vindo a exibir-se uns bons furos acima dos rivais. Nos States, os encarnados mostraram já consistência, prosseguindo com êxito a integração dos novos valores da academia e reforçando com isso um plantel que promete. Praticamente, não se nota a falta de Jonas e de João Félix, e a forte possibilidade de ganhar a International Champions Cup faz do atual momento benfiquista um mar de confiança. Depois, há vários jogadores em excelente forma, casos de Rafa ou de Taarabt – e só Rúben Dias parece abaixo dos níveis de exigência da equipa. Quanto a Vlachodimos, bastariam as duas enormes defesas de ontem, ao minuto 22, para confirmar a sua superior competência entre os postes. Não é tão bom a sair da baliza? Pois não é nada que o trabalho não resolva num guarda-redes de 25 anos.
Com um grupo mais limitado, o Sporting tem dado boas indicações, mas Keizer dificilmente logrará ultrapassar a perda iminente de Bruno Fernandes e a escassez de gente que faça a diferença nas alas. Bem como as fracas alternativas aos centrais titulares – Luís Neto tem sido uma deceção. E se Acuña partir, o quadro ficará ainda mais negro… Talvez Vietto siga o exemplo de Jonas e recupere em Lisboa as qualidades perdidas e quem sabe o treinador holandês não consiga fazer da capacidade técnica de Eduardo um novo trunfo. Para já, o Benfica é favorito na Supertaça, embora dentro do campo os favoritismos sempre precisem de carimbo.
Sufocantes parecem, nesta altura, os ares no Dragão. A estranha apatia na resolução do problema de Casillas, que há tanto se sabia não poder continuar na baliza, junta-se agora ao tiro de pólvora seca que foi a afirmação de interesse por Fábio Coentrão. Mal as claques se insurgiram contra a possível contratação, a hipótese caiu… Que é feito do pulso de ferro de Pinto da Costa? E não são só os Super Dragões a ditar leis, também dentro do grupo de trabalho há mosquitos por cordas. Em tempos remotos, o presidente controlava tudo e não havia palpites para ninguém. Hoje, o técnico interpela com rudeza o capitão, este responde no mesmo tom, abandona o estágio e nada mais acontece. A autoridade ficou repartida, à espera de novos capítulos. Até porque a instabilidade emocional de Sérgio Conceição só pode agravar-se. Sem Felipe e Militão, sem Herrera e Óliver, sem Brahimi e Casillas, e em particular sem novos jogadores de qualidade semelhante, as nuvens negras adensam-se e o treinador talvez não esteja talhado para enfrentar a borrasca. Se a zanga com Danilo tiver deixado marcas, e provavelmente deixou, as sequelas não serão bonitas.
O último parágrafo vai para o Tour que terminou com a justa vitória de Egan Bernal, de 22 anos, o colombiano que realizou, à segunda tentativa, o que o compatriota Nairo Quintana, de 29, anda a prometer desde 2013, sem conseguir. Mas o momento alto, para mim, viveu-se no sábado, com o triunfo, o sexto em etapas da Volta à França, do italiano Vincenzo Nibali, que a caminho dos 35 anos fez nova demonstração de classe. Já vencedor do Tour, da Vuelta e do Giro (por duas vezes), segundo e terceiro nas três grandes voltas noutras sete ocasiões, o “Tubarão” subiu sozinho até Val Thorens, alcançou em primeiro o topo e reforçou a sua posição na galeria das lendas do ciclismo. Notável.
Outra vez segunda-feira, Record, 29jul19

Por Alexandre Pais
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