Alexandre Pais

Nunca tantos e tão bons, engenheiro

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Com seis golos, seis, marcados pelo Tottenham em Old Trafford pela primeira vez na história – e após a eliminação do Chelsea da Taça da Liga e de outra goleada com que se apurou para a Liga Europa – José Mourinho consegue, finalmente, confirmar que tem uma equipa capaz de discutir a Premier. E a subida de patamar competitivo dos “spurs” torna o campeonato inglês ainda mais emocionante. Até porque também o Everton, de Carlo Ancelotti, parece ter dado o salto de qualidade para o lote dos candidatos ao título. Com James Rodríguez a “voltar ao Porto” na alegria de jogar, sem a qual o seu talento não vem à tona, e com André Gomes a recuperar a condição que o levou a Barcelona, a audiência portuguesa aos “diretos” dos “toffees”, na TV, sobe para o nível dos jogos dos dois de Manchester, do Tottenham ou do Liverpool – ai, ai, Klopp… E do Wolverhampton, por enquanto com menor rendimento, mas que não deixará de se chegar aos de cima.
Sendo o clube de Nuno Espírito Santo o maior “fornecedor” da Seleção, com cinco convocados, ao técnico do Wolves há até que creditar parte da imensa capacidade futebolística ao dispor de Fernando Santos. Não sei mesmo se alguma vez – incluindo a era de Figo e Rui Costa – a turma nacional contou com um grupo tão forte. É que aos 26 que hoje se irão juntar há que somar os três que “caíram” da penúltima convocatória – Domingos Duarte, André Gomes e Gonçalo Guedes – os sete escolhidos há menos de um ano – José Sá, Ricardo Pereira, João Mário, Pizzi, Bruma, Éder e Gonçalo Paciência – os sempre “convocáveis” – casos de Adrien, Cédric ou Gelson Martins – e ainda os que vêm a caminho, como Nuno Mendes ou Pedro Neto. Ou Sequeira, que acaba de chegar. São quatro dezenas de jogadores de eleição!
O que esta dádiva tem é de produzir resultados. Admite-se um joguito a feijões com os espanhóis, mas o verdadeiro teste será no domingo, frente à França, com a qual “não podemos” perder. Se a conseguimos ultrapassar em 2016, contra quase todas as previsões, como não o “exigir” agora à nossa chuva de estrelas?
O que se passou em Vila do Conde é aquilo que o jornalista e comentador Luís Freitas Lobo tantas vezes, e acertadamente, classifica como “futebol em estado puro”. Sim, apenas no futebol é possível ver um dos maiores clubes do Mundo humilhado aos pés do quinto classificado de um campeonato da segunda linha europeia. E só não vimos o grandalhão ser afastado da Liga Europa porque o futebol permite outra coisa: que o que é em dado momento não o seja daí a segundos. Uma mão desnecessária no derradeiro minuto facilitou o empate ao Milan e forças vindas muito para lá do Além fizeram – em três (!) ocasiões e em duas com a bola a bater três (!) vezes nos postes – com que os bravos de Vila do Conde morressem na praia. Chapeau!
O parágrafo final vai para o Sporting e para as indicações de Portimão Se os resultados são a solução, dar tempo a Rúben Amorim para construir uma equipa é o rumo certo. Optar por outro será a catástrofe.
Outra vez segunda-feira, Record, 5out20

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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