Amanhã, é o “Dia D” para Manuel Luís Goucha. Ou apenas mais um. Será um novo desafio profissional que ele encarará com a confiança de sempre: foi assim que decidiu deixar de ser ator, escrever livros de cozinha ou abandonar a RTP. Na verdade, essa confiança só o traiu uma vez, com o fracasso de “Momentos de glória” – há já um quarto de século – um risco mal calculado, situação que parece repetir-se agora com a sua aventura na “Casa dos Segredos”.
Goucha tem todas as condições para fazer bem esse trabalho e recuperar as audiências perdidas pelo penoso desgaste de Teresa Guilherme. Mas as reações divulgadas nos últimos dias nas redes sociais e nas rubricas cor de rosa – em que alarves diplomados em anteriores edições do programa da TVI insultam o apresentador com o palavreado reles que carateriza a labregagem – não prenunciam nada de bom. Porque das duas uma: ou Goucha impõe a sua tradicional decência e bom gosto num espaço formatado pela boçalidade, e falha na empatia com os “concorrentes”, ou cai na vulgaridade e puxa pela ordinarice em nome das audiências, manchando uma imagem que levou 35 anos a construir. Como seu amigo, espero que haja uma terceira via que lhe permita contornar o dilema.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 24FEV18
