O pequeno quadro que Record ontem publicou com as “compras e vendas” de janeiro dos três grandes do nosso futebol é elucidativo do caminho que seguimos: saem jogadores internacionais, de créditos firmados, e entram simples promessas, assim designadas em sinal de boa vontade.
A realização de dinheiro vivo, com 27 milhões “a entrar” e menos de 3 milhões “a sair”, é igualmente sinal da penúria que atravessamos.
Dir-me-ão que perdemos apenas dois bons futebolistas. É verdade. Mas são mais dois a acrescentar a uma longa lista de deserções que, não sendo naturalmente a única, é das maiores responsáveis pelo progressivo esvaziamento de público dos estádios portugueses.
O futebol é um espectáculo e os espectáculos vivem dos artistas. A saída de Liedson e de David Luiz retira brilho aos jogos em que eram protagonistas – e invariavelmente dos melhores. Mas é a nossa sina, eu sei. Cada vez mais pobres em tudo, sem podermos sequer acrescentar a frase com a qual sempre se tenta animar os tristes: que melhores dias virão.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 2 fevereiro 2011