Alexandre Pais

Lição de Rúben Amorim está no discurso

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Jorge Jesus passa de novo por um período difícil no Benfica, desta vez com um problema acrescido: não tem Luís Filipe Vieira para lhe meter a mão por baixo. Trata-se, parece-me, de uma tempestade num copo de água, a não ser que a esperada qualificação para a fase seguinte da Champions não venha a acontecer depois de amanhã, tornando, então sim, irreversível o divórcio entre os adeptos e o treinador. É certo que vem aí o duplo confronto com o FC Porto, mas falhado que fosse o apuramento europeu, onde iriam buscar os jogadores a confiança – neles próprios e em Jesus – que lhes permitisse ultrapassar esse Bojador?

Rúben Amorim, o homem que está a demonstrar que mais do que os milhões é o espírito de grupo e de entreajuda que constrói as grandes equipas, não teme que o copiem. Em cada comunicação expõe, com admirável simplicidade, os ‘segredos’ do sucesso. E no final do dérbi não podia ter sido mais claro quanto às ideias que transmite aos jogadores: máximo empenho, máxima personalidade, máximo rigor no trabalho. Depois, é perceberem o jogo, serem consistentes e competirem para tentar ganhar. Essa é a obrigação dos profissionais, mas compreender que eles são pessoas e não máquinas, faz com que Amorim lhes dê uma última indicação: divirtam-se também!

Toda essa lição contraria aquilo por que estarão a passar os jogadores do Benfica. Sujeitos a uma pressão brutal para ganharem ou ganharem, para justificarem os milhões que custaram e custam, para corresponderem às exigências de um treinador que não se satisfaz nem com muito nem com nada, nota-se-lhes nos rostos a tensão, o medo de falhar, a falta de alegria. Não se divertem em campo e vivem, pelo contrário, momentos de pesadelo. E se já perderam a capacidade de acreditar, Jorge Jesus não conseguirá reverter a situação.

A derrota do Chelsea no terreno do West Ham é o derradeiro sinal que confirma aquilo que o tempo vem consolidando: a maior asneira do Manchester United, desde a reforma de Alex Ferguson, em 2013, foi ter despedido o seu sucessor, David Moyes. Após um sexto lugar em 2020/21, os ‘hammers’ seguem agora em quarto, à frente de MU, Arsenal e Spurs. Curiosamente, Moyes foi despedido de Old Trafford em 2014, ano em que rendeu, na Real Sociedad, outro ‘enjeitado’: Manuel Pellegrini, hoje treinador do Bétis, terceiro classificado da liga espanhola. Como é o futebol e a vida!

É hilariante a ‘contestação’ da federação de futebol checa ao recorde de 801 golos de Cristiano Ronaldo. Alegam que Josef Bican não marcou só os 700 e tal golos em jogos oficiais que reconhece a FIFA – a representar a Áustria, apontou um a Portugal, em 1936, no Porto – mas sim 821, o que faria dele o verdadeiro recordista… Não me parece que por 20 golos valha a pena discutir. Em 2022, Cristiano ultrapassará esse número.

Parágrafo final para Bernardo Silva, que se encontra numa forma superlativa e que volta a ser ‘ele e mais dez’ para Guardiola – agora na fórmula de ‘melhor jogador da Premier League’. Se Bernardo rendesse na Seleção o que rende no City… não perderíamos um jogo!

Outra vez segunda-feira, Record, 6dez21

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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