Na devida altura, defendi nesta coluna que Luís Montenegro seria o adversário ideal de António Costa. Agora, face à sua recandidatura a líder do PSD, confesso ter mudado de opinião.
Hoje, o quadro mais bem preparado é o homem que há seis anos, sem pausas ou tibiezas, utiliza um tempo de antena quase diário para apontar os erros socialistas. Aquele homem que minutos após a tomada de posse já estava num canal de TV a denunciar as maroscas do 23.º Governo, que “é mais do mesmo”. Um governo que tem a secretaria de Estado da Internacionalização nos Negócios Estrangeiros e a da Energia no Ministério do Ambiente, absurdas opções. E que “não é reformista nem nunca será”. E a ministra da Coesão “para que é que serve?” Então e o ministro das Finanças que “aparece em sétimo lugar?” Costa não percebe um boi disto.
Marcelo levou também por tabela porque “devia ter obrigado o PM a apresentar um plano estratégico para o crescimento”, ou seja, o PR desconhece até os poderes que não tem. Mas manda a verdade dizer que o homem comunica bem e percebe imenso de tudo, da economia à guerra da Ucrânia, passando pela covid ou pelas intrigas do Império Romano. Se houvesse gratidão na política, José Gomes Ferreira seria o próximo presidente do PSD. Ecce homo.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 2abr22
