Terá dito pouco aos militantes, sempre mais focados na querela partidária – à boa maneira portuguesa – a parte inicial do hábil discurso de Luís Montenegro no dia de abertura do congresso do PSD. Mas o novo líder tocou certeiramente no drama que o partido tem de resolver com urgência – se não quiser ter apenas mais um presidente. Afinal, o que foi feito de errado ou mesmo não foi feito pelos sociais-democratas para que, sendo o Governo tão ‘mau’, o PS ganhasse as eleições com maioria absoluta?
Ainda que chegue a uma conclusão, tarefa insana, esse não é o único grande problema do núcleo duro do maior partido da oposição – como os ‘diretos’ da AR sobre a moção de censura do Chega cruamente demonstraram. É que entre o poder de argumentação de António Costa e a capacidade de representar a indignação de André Ventura o PSD ficou ‘ensanduichado’. As intervenções, que foram do grotesco ao pretensioso, de dois dos seus deputados – de que ninguém ouviu ou ouvirá falar – puseram a nu uma pobreza atroz.
Longe de São Bento, Montenegro tem ali um pedregulho inamovível. E como líder parlamentar será Joaquim Miranda Sarmento o tribuno capaz de se bater com Costa e Ventura? Desgraçadamente, também não será.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 9jul22
