Alexandre Pais

Já não há paciência para o Flamengo!

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Gosto do ‘Mengão’, e mais do ‘Flu’ para ser franco, mas já não há paciência para o folhetim Jorge Jesus ‘versus’ Flamengo. Trata-se de um ‘romance’ que faz as delícias da especulação jornalística – e que os brasileiros alimentam, essa é que é a verdade – e satisfaz os interesses daquela comunicação social que não pode dedicar-se às camisas do Rendeiro, à casa da sogra do Pinho ou às múltiplas e judiciosas considerações sobre processos, sejam eles de corrupção, de extradição ou de vacinação.

Mas quis o destino que a detenção de Luís Filipe Vieira abrisse igualmente a ‘caixa de Pandora’ das velhas comissões nos negócios futebolísticos, com os seus apêndices de fraude fiscal e branqueamento de capitais. Isso deu à informação dita ‘desportiva’ a possibilidade de se associar ao festim, sem que muitos dos seus agentes tenham noção que, na matéria, são peixinhos fora do aquário. Daí que os temas do futebol sejam tão importantes como o da salvação das almas.

Resulta, pois, da necessidade, a insistência na ‘novela’ do regresso de Jesus ao Rio – uma inevitabilidade que não acabará, muito provavelmente, com um êxito idêntico ao da primeira caravela, outros 500 – como se o treinador estivesse mesmo de partida, por vontade própria ou do Benfica. Aliás, basta ver como após cada nova vitória encarnada se esbate a contestação dos lenços brancos e da orquestra sinfónica conduzida pelos maestros residentes: os que se espalharam ao comprido em sucessivas candidaturas, reais ou supostas, à presidência do Benfica.

Com a equipa a dar finalmente a sensação de ter adquirido, ou recuperado, níveis de confiança que se julgava já não estarem ao alcance da postura de relativo desnorte de Jorge Jesus – veremos o que resultará do duplo embate com o FC Porto, que pode alterar o ‘clima’ outra vez – o Benfica retorna à sua função de protagonista comprometido com aquilo de que gostamos: emoção dentro das quatro linhas, alterações no marcador, ‘cabeças perdidas’ nos bancos, árbitros a asneirar em campo – como sucedeu no sábado com Tiago Martins, um susto – ou no VAR, com dezenas de câmaras a espiar, público nas bancadas a aplaudir e a assobiar, comentadores a delirar e adeptos de sofá aos pulos em casa, em euforia ou sofrimento. Aí não há comissões, investigações policiais ou arguidos em prisão domiciliária, são os artistas os donos do espetáculo. Sim, é certo que o ‘outro’ também terá donos, mas esse é o ‘espetáculo’ que não vale a pena.

Com o adiamento dos jogos do Manchester United contra Brighton e Brentford, Cristiano Ronaldo terá perdido a oportunidade de alcançar de novo os 50 golos num ano civil. Já outros portugueses em Inglaterra estão ‘on fire’, seja por grandes exibições na baliza, caso de José Sá, ou por golos admiráveis, como os de ontem de Diogo Jota e João Cancelo. Chapeau!

Derradeiro parágrafo para Ronnie O’Sullivan, que conquistou o 38.º título ‘oficial’ da sua carreira ao vencer o World Grand Prix de snooker, derrotando na final (10-8) o australiano Neil Robertson, que este ano o derrotara no Tour Championship. A lenda voltou. Boas Festas, leitor.

Outra vez segunda-feira, Record, 20dez21

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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