Alexandre Pais

Ir de férias quatro dias mais cedo pode sair caro

I

Com quase cinco dezenas de jogos nas pernas e 37 anos no CC, compreendeu-se a não titularidade de Cristiano Ronaldo no confronto com a Espanha. E entendeu-se a sua utilização plena no embate com a Suíça – havia um ‘hat trick’ à vista. Já se tornou incompreensível a sua presença em campo durante os 90 minutos contra a República Checa, com o jogo completamente dominado. E dei-me a pensar com os meus botões se isso não seria um indicador da sua eventual ausência na partida de Genebra. Lamentavelmente, foi.

Os quatro compromissos da Seleção em 11 dias – uma violência a fechar uma temporada muito dura para a maioria dos convocados – justificariam que a gestão do esforço final exigível a CR7 fosse feito com pinças, mesmo tendo em conta que um selecionador não põe e dispõe, conforme bem lhe apetece, da capacidade de sacrifício de um jogador chamado… Cristiano Ronaldo.

Sou assim levado a concluir que a sua ida para férias quatro dias mais cedo tenha sido concertada com Fernando Santos – em teoria, o único responsável pela decisão – e que isso constituiu um erro. Com Cristiano disponível para entrar na última meia hora em Genebra, em vez dos ‘inúteis’ 30 minutos finais em Alvalade frente aos checos, a Seleção teria muito provavelmente dado a volta ao resultado, mantendo a liderança no grupo.

E falando de Cristiano, dou o meu pequeno contributo para a ‘tese do acabado’: em 2021/22, fez 49 jogos e marcou 32 golos. Já o rival dito ‘menos acabado’ atuou em 45 partidas e apontou 21 golos – os cinco últimos há uma semana, num particular à medida com a simpática seleção da Estónia, 110.ª do ‘ranking’ da FIFA.

Quando deixou sair Pepe, que em 2017 – após uma década de ‘blanco’ e uma carreira gloriosa – queria renovar contrato por dois anos, Florentino Pérez destruiu a defesa de betão do Real Madrid. Varane é hoje apenas ‘mais um’ no Manchester United e Sérgio Ramos arrasta a sua decadência por Paris, enquanto Pepe, aos 39 anos, continua a ser um dos melhores ‘centrais’ do Mundo: fechou a temporada, em que voltou a ser campeão pelo FC Porto, ao mais alto nível. Ainda ontem o vimos, a ‘desdobrar-se’ a defender e a atacar, com a disponibilidade física e mental de um jovem de 20 anos. Nada como o tempo para distinguir quem tinha razão e quem teve simplesmente a pretensão, e o poder, de impor as suas opiniões.

Em cinco meses, Paulo Sousa, cumpriu as expetativas de tantos adivinhos de aquém e além Atlântico: foi despedido pelo Flamengo. Deixou a equipa em 14.º lugar no Brasileirão, a 7 pontos do líder, o Palmeiras de Abel Ferreira, e a 6 do segundo, o Corinthians de Vítor Pereira. Seria difícil fazer pior. Marcos Braz só tem agora de explicar aos seus patrões como não conseguiu ver, em dezembro, a conclusão de uma história cujo final já então se encontrava escrito nas estrelas e que vai custar mais um milhão e meio de euros de indemnização aos cofres do ‘Mengão’.

Derradeiro parágrafo para os 100 jogos de Rui Jorge à frente dos Sub-21– com 73% de vitórias, ah, pois é. Enquanto cantam as cigarras, as formiguinhas mostram como se trabalha… Chapeau!

Outra vez segunda-feira, Record, 13jun22

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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