Alexandre Pais

Impostora e amadora

I

Uma boa promoção faz um artista. E no caso de “A Impostora”, a nova novela da TVI, faz também uma audiência. Influenciado pelo marketing, eis-me esta semana a ver uma cena, a bordo de um barco, interpretada por Fernanda Serrano e Dalila Carmo, e a comentar para uns amigos brasileiros: “Fantástico, olhem como aprendemos com vocês!”
Falava do desempenho das atrizes, mas o destino reservava-me uma humilhação. Engalfinhadas as respetivas personagens, rivais na história, eis que caem à água, como se o convés não estivesse protegido… Surge, então, o protagonista, representado por Diogo Infante – um ator de pouca qualidade histriónica e que veste sempre a própria pele – que se atira ao mar para resgatar as vítimas. As imagens mostram a seguir as duas mulheres, não a debater-se para salvar a vida mas a irem a pique para o fundo, agarradas uma à outra talvez para não se perderem…
E o incrivelmente mau pioraria ainda, com as náufragas já em seco, descalças e de cabelo escorrido, e o nadador-salvador impecável, de casaco, gravata e sapatos pretos, como se tivesse acabado de sair do “closet”. Alguém anda com défice de ver cinema norte-americano. Uns filmes de série B bastariam para se aprender e evitar esta barraca.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 17SET16

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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