Os últimos auto-elogios de Jorge Jesus, empolgado com a bela exibição do Sporting em Madrid, surgiram na pior altura. Não pelo justo orgulho do técnico na sua capacidade – uma vitória em Camp Nou ou uma derrota na Arrentela manteriam tanto os seus méritos como os deméritos – mas pelo catastrófico efeito que não terão deixado de produzir nos jogadores, esmagados, quatro dias antes, pelo camartelo do Bernabéu.
Foram esses profissionais generosos, que estiveram à beira de fazer história no futebol, que ouviram o seu treinador, antes de uma partida que se sabia difícil, dizer que não tinha o melhor plantel – ou seja, os jogadores com que trabalha são banais – mas tinha a melhor equipa porque a diferença está no treinador… Palavras insensatas as de JJ, proferidas em tempo inadequado, uma vez que o foco devia estar na recuperação anímica e psicológica dos seus homens e não na glorificação da sua excelsa pessoa.
Antes de lhe construírem uma represa, em Coimbra, o rio Mondego era conhecido por “Bazófias” porque transbordava no inverno, para se reduzir, no verão, a um fiozinho de água. No futebol, hoje é-se “special”, amanhã perdem-se jogos consecutivos e enfrenta-se o despedimento. Não adianta cantar a vitória eterna porque a derrota, mais cedo ou mais tarde, aparece. E às vezes aos pares, como é o caso. Depois, não é bonito ver, pelo menos eu não gosto, “o grande Jorge Jesus” de que bem falava há dias o diário “Marca”, ser hoje o grande motivo da chacota popular.
Mas dou-lhe alguma razão no conceito “a diferença está no treinador”. Ontem, esteve em Nuno Capucho.
Canto direto, Record, 19SET16
A bazófia paga-se caro no futebol
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