A derradeira jornada europeia apagou as ilusões dos que teimam em não aceitar a realidade, uma vez que o afastamento da Liga Europa das quatro melhores equipas portuguesas corresponde ao seu efetivo valor, sem que a comparação tenha já de ser feita com clubes das cinco ligas principais – apenas o FC Porto se viu eliminado pelo quinto classificado do campeonato alemão. Os outros afundaram-se em luta com escoceses, turcos e ucranianos.
Peguemos nas duas últimas convocatórias de Fernando Santos e vejamos os nossos futebolistas de primeira linha que jogam em Portugal, deixando de lado Bruno Fernandes, que se foi: Pepe e Danilo, no FC Porto, Ferro, Rúben Dias, Rafa e Pizzi, no Benfica. Deste grupo, retiraria Ferro, que tem muito que trabalhar para assegurar um lugar na fila da frente, e hesitaria no nome do outro central da Luz, não por não o considerar um valor firme, mas pelas exibições dos dois meses iniciais do ano, claramente afetadas pelo desacerto coletivo encarnado a defender. São cinco jogadores de topo para duas equipas!
Há que contar, é certo, com os profissionais estrangeiros de qualidade que temos entre nós, como Alex Telles ou Marega, Grimaldo ou Gabriel, Mathieu ou Acuña – e mais uma meia dúzia, vá. Com boa vontade, descobriremos duas dezenas de executantes de primeira água a atuar em Portugal, entre os mais de 100 que integram os plantéis dos quatro maiores emblemas – percentagem curta, como ora se confirmou, para se poderem construir grandes equipas. Haverá teses diversas e respeitáveis, mas mais relevante será difícil encontrar alguma. A verdade é esta: 25 dos 30 melhores futebolistas portugueses jogam no estrangeiro e os nossos clubes – apesar das loucuras que os vão arruinando – não dispõem de capacidade financeira para contratar, lá fora, artistas que façam a diferença. É a vida dos pobres.
O coronavírus veio ajudar a Juventus, ao fazer adiar o clássico com o Inter para maio, evitando assim um desgaste tremendo antes do difícil embate de quarta-feira, com o Milan, para a Taça de Itália. A partida de Lyon mostrou-nos uma Juve sem argumentos para vir a conquistar a Champions, mesmo que consiga, no dia 17, eliminar os franceses e alcançar os quartos de final. Cristiano Ronaldo está completamente desamparado e dependente de uma assistência que Dybala tire da cartola ou de um centro a régua e esquadro saído dos pés de Quadrado. Coletivamente, a Juve é um desastre!
O último parágrafo vai o grande clássico da liga espanhola, que perdeu metade da emoção desde que Cristiano mudou de ares. O próprio Messi não parece o mesmo, tal como a turma catalã, que nada ganhou em ter despedido Valverde. Sem Luis Suárez na frente e com o rabo pesado de Umtiti atrás, o Barça acabará por entregar a liga ao rival, também ele longe do fulgor da era Zidane 1. Mas ontem, do que mais gostei foi do golo de Mariano – que entrara menos de um minuto antes – um rapaz que dá 10-0 a um tal de Jović, que em hora feliz o Benfica perdeu. Foi genial, chapeau!
Outra vez segunda-feira, Record, 2mar20
Dizer adeus à Europa é a vida dos pobres
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